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segunda-feira, 1 de novembro de 2010

António Lobo Antunes:"Nunca terei tempo para escrever o que queria" Editou"Sôbolos rios que vão", Peço-vos que comprem o livro para vós e amigos

Rádio Renascença: Rádio Renascença: "Nunca terei tempo para escrever o que queria"
António Lobo Antunes acaba de editar "Sôbolos rios que vão", “um grande romance de micro-afectos abstractos”, mas palavras de José Gil.

António Lobo Antunes acaba de editar "Sôbolos rios que vão", “um grande romance de micro-afectos abstractos”, mas palavras de José Gil.




fonte: site da RR

"Sôbolos rios que vão" é o título da obra que reflecte sobre a vida. O narrador, tal como António Lobo Antunes, viveu a ameaça da morte por cancro e usa a situação para recuperar fragmentos da sua vida. A obra, que tem um titulo que vai beber inspiração a um verso de Camões, foi apresentada esta noite no Museu da Água, em Lisboa.


No final da apresentação, Lobo Antunes pediu desculpas. Não tinha tempo para dar autógrafos. Queria voltar rapidamente para as páginas do seu próximo livro e a uma das personagens, uma rapariga de cinco anos.


Para já, ao leitor oferece "Sôbolos rios que vão", uma obra que tem como narrador um homem operado a um cancro e, que perante a ameaça da morte, recupera imagens da sua vida.


Lobo Antunes recusa a ideia de autobiografia, mas diz escrever para sobreviver: “Eu sei que vou morrer, mas tenho de trabalhar de maneira a que o meu trabalho fique e que os meus livros continuem a interpelar as pessoas”, frisa.


Servo da escrita, Lobo Antunes questiona-se se ainda terá tempo para passar para o papel tudo o que almeja.


“Sinto cada vez mais e de uma maneira que, por vezes, é dolorosa, que estou a negociar os meus livros com a morte, mas isso sinto desde o princípio, que nunca terei tempo para escrever o que queria”, sublinha.


Lobo Antunes escreve porque quer dizer e acha que os livros são um diálogo com o leitor. Critica a dificuldade que novos autores enfrentam para publicarem o primeiro livro e lamenta a forma como os grandes escritores são tratados.


A apresentação do livro decorreu no Museu da Água, em Lisboa, e ficou a cargo de José Gil. Para o pensador, "Sôbolos rios que vão é, mesmo que não pareça, um grande romance de micro-afectos abstractos, por isso também a sua leitura nos afecta tanto”.




Rádio Renascença (site)




publicado por José Alexandre Ramos | 23:27 0 comentários Enviar a mensagem por e-mail Dê a sua opinião! Partilhar no Twitter Partilhar no Facebook Partilhar no Google Buzz
tópico: Eventos 2010, Lançamentos, Notícias
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Sol: 'Sôbolos Rios Que Vão', de António Lobo Antunes, apresentado por José Gil
O filósofo José Gil classificou hoje o mais recente romance de António Lobo Antunes, 'Sôbolos Rios Que Vão', como «um grande livro, com muitos aspetos insólitos e inéditos na escrita do autor».



fonte: SOL
«É uma obra torrencial e uma das mais belas de Lobo Antunes», disse José Gil, no Museu da Água, em Lisboa, na sessão de apresentação do livro, editado pela Dom Quixote, que contou com a presença do autor.


O pensador começou por falar da «máquina literária de António Lobo Antunes», que tem como principais características «o tempo da escrita», composto por várias camadas de planos, dispostos em frases curtas e discurso directo, e o «entretecer desses planos sem que daí resulte uma narrativa linear», já que «a narrativa seria, afinal, a corrente de escrita ou o pensamento mesmo».


Essa máquina literária «funciona em pleno em 'Sôbolos Rios Que Vão'», defendeu José Gil, já que «neste romance quase parece, às vezes, que se urde uma trama», da qual «a espera e não espera da morte será porventura o traço mais evidente».


Trata-se do mais autobiográfico dos livros do escritor, cujo narrador - designado como 'Antoninho' e 'Senhor Antunes' - recupera, após uma operação a um tumor no intestino e num estado entre o torpor e a dor, fragmentos da sua vida, recordando pessoas que a atravessaram e conduzindo os leitores, como que por um rio, pelas humilhações da doença, numa reflexão sobre a vida e a morte.
Porque «a doença paira sobre tudo o que se diz», José Gil caracterizou o livro de Lobo Antunes como «uma meditação sobre a morte» e «uma paródia de tal meditação», com «cenas de humor que atingem a desmesura».


«É certamente um imenso romance, faz-nos entrar num tipo de experiência não comum (.) e é, mesmo que não pareça, um grande romance de micro-afectos abstractos», observou.


António Lobo Antunes comoveu-se com as palavras de José Gil - a quem agradeceu o facto de o «ter lido de peito aberto, que é a única maneira de se ler» - e falou da infância, da vontade que já tinha de escrever, das coisas más que escrevia e queimava depois em «pequenos autos de fé» no quintal e de não saber ainda que com trabalho poderia melhorar.


«A gente não escreve porque tem coisas para dizer, a gente escreve porque quer escrever. E comecei a perceber que o que se quer escrever é aquilo que se perdeu», sublinhou.


O que queria era «que os livros fossem um diálogo permanente entre o texto e o público», porque, «muitas vezes, um livro é mais uma orelha do que uma voz», afirmou, citando, a propósito, Paul Celan, que escreveu: «Sou mais eu quando sou tu».
Voltando a um tema recorrente, Lobo Antunes disse que sente«desde sempre, desde o princípio», que está «a negociar os livros com a morte».


«Nunca vou ter tempo para escrever tudo o que queria (.). A sensação que tenho é que somos intermediários entre duas instâncias que nos excedem, que nos ultrapassam, que não entendemos. Eu sei que vou morrer, mas tenho de continuar a trabalhar, para que o meu trabalho fique e os meus livros continuem a interpelar as pessoas», frisou.


Sol/Lusa


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